Imagens, Cores & Pensamentos

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

  Em um mundo tão invertido onde ter é mais importante que ser; o diploma é mais importante que o saber.
           Com filosofias equivocadas do tipo “Faça o que eu digo e não o que faço”, “O que é meu é meu, o que é seu é nosso”, tenho me lembrado de algumas pessoas que realmente souberam ser e fazer a diferença em um mundo tão estranho:
          
Lá entre 1975 e 1976, quando fazia estágio na biblioteca de Direito da UERJ conheci um rapaz chamado Eduardo (Pena que não me lembro do sobrenome dele). A primeira coisa que me chamou a atenção foi sua letra Eduardo, bonita, bem talhada, como letra de caligrafia de colégio de freira. Quando perguntei de quem era aquela letra tão bonita fui informada que era de uma pessoa muito especial que estudava diariamente na biblioteca e que logo depois do horário das aulas eu conheceria. Dito e feito, por volta das 13:30 estava eu sentada no balcão de atendimento, quando um rapaz entrou na biblioteca cumprimentando a todos com um sorriso e ao assinar o livro de presença vi que era ele, Eduardo, o dono da letra tão bonita. Imediatamente elogiei sua letra ele agradeceu e como sempre parou ali no balcão para um dedinho de prosa. Foi então que conheci um bom exemplo de força de vontade e perseverança. Eduardo veio de uma família humilde que morava no subúrbio do Rio de Janeiro e tinha um sonho, estudar Direito e prestar concurso para o Instituto Rio Branco. Com muito esforço e dedicação ele concluiu seus estudos e passou para a Universidade do Estado do Rio de Janeiro com uma ótima classificação. Desde o primeiro ano da faculdade, Eduardo se sobressaia muito era o primeiro aluno da sala, ele tinha algumas vantagens em relação aos colegas, ele falava e lia até aquela data, português, inglês, espanhol, francês, alemão e latim que estudou sozinho enquanto estava no colégio, pensando sempre em alcançar seu objetivo de um dia vir a ser um diplomata (Ele passava o dia na faculdade, pois precisava do acervo da biblioteca para poder estudar). Enquanto os colegas precisavam utilizar as mesmas fontes de pesquisa devido à falta de conhecimento em outras línguas, Eduardo se deleitava em fontes originais. Quando terminei meu estagio em meados de 1976, Eduardo já estava escrevendo o discurso de formatura, pois seria ele o orador da sua turma. Nunca mais o vi, mas todas as vezes que eu encontrava alguém se queixando de não poder fazer isso ou aquilo devido a isso ou aquilo eu contava a história de Eduardo e não sei por que sempre conseguia fazer os chorões pararem de se lamuriar pelo menos perto de mim. Valeu Eduardo espero que você tenha alcançado seu sonho!
       
Já mãe de primeira viagem, eu conheci um homem que no inicio de sua carreira tinha sido pediatra do pai dos meus filhos e viria ser o pediatra do meu filho que ele chamava de neto. Em seu consultório muito elegante em Copacabana, só quem o conhecia sabia da dedicação com que este Doutor em Medicina tratava seus bebês. Uma mãe muito agradecida contou que sua filhinha teve uma virose que não deixava nada ficar em seu estomago. Segundo ela, ele cancelou todas as consultas do dia e foi para casa dela na madrugada com um verdadeiro arsenal de papinhas que ele mesmo fazia até encontrar uma que ficasse no estomago de seu bebê só saindo de lá quando a menina mostrou uma melhora real, e realmente todas as vezes que meu filho apresentava um problema, ele medicava, pedia relatório a cada dose e passava para em casa antes de ir para sua casa. Onde ele estiver, pois infelizmente já é falecido, espero que esteja ciente de que fez diferença enquanto por aqui passou.
      
E o último personagem desta minha reflexão, é um jovem professor que lá nos anos 60 conseguia fazer uma turma de adolescentes, gostarem de aulas de geografia e saírem sabendo da escola ao contrário do professor de geografia do meu filho que cometia erros básicos de concordância verbal e se justificava dizendo ser professor de geografia e não de língua portuguesa. É; já não fazem mais professores, médicos e estudantes como antigamente.
     Para aqueles a quem a carapuça serviu, enterrem até os pés e amarrem bem amarrado, a todos os que entenderam a minha mensagem e que espero que sejam a maioria, meus votos de felicidades e vida longa.

Graça Menna






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