Um dia, lá atrás, alguém que soube que eu cresci em um bairro nobre de São Paulo me perguntou o que eu fazia naquela cidade do interior.
Na época eu me calei, mas hoje sentada na minha varanda olhando minhas plantas eu lembrei dessa pergunta e resolvi responder.
O que eu fazia em lá ?
Eu estava vivendo.
Vivendo não, vivenciando mais uma etapa desta minha jornada mortal. Foram várias e como minha mãe sempre me ensinou cheia de altos e baixos , coisas boas que valem a pena serem lembradas como o por do sol do arpoador que eu podia ver da minha janela e coisas não tão boas assim como o assalto a minha casa em Jacarepaguá, mas que serviram de aprendizado e fortalecimento.
Foi uma etapa de muito trabalho e espiritualidade que talvez se eu ainda estivesse lá em Sampa não estaria hoje sentada em minha varanda. Uma varanda que eu escolhi, que não sei se viverei para assinar o contrato de quitação, mas fui eu quem escolheu ainda na planta, vi construir, visitei durante a obra e finalmente pude sentar nela e desfrutar do calor de um sol fraco de inverno, como fui construindo a minha vida e olhando para trás eu penso que cada etapa da construção valeu a pena.
Graça Menna
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